O nome de Mateus Gonçalves voltou aos holofotes, mas desta vez fora das quatro linhas — e por um motivo alarmante. O atacante, que passou por clubes tradicionais como Vitória e Goiás, foi preso em flagrante no Mato Grosso do Sul, acusado de tráfico de drogas e associação criminosa. A trajetória do jogador, que já enfrentava problemas de indisciplina em campo, agora ganha um contorno ainda mais grave fora dele.

Prisão em flagrante e a operação da polícia

Mateus Gonçalves foi detido no dia 10 de junho de 2025, na rodovia MS-156, em Juti (MS), próximo à fronteira com o Paraguai. A Polícia Militar Rodoviária realizava uma fiscalização de rotina quando se deparou com dois carros em alta velocidade. Os veículos não obedeceram à ordem de parada, o que deu início a uma perseguição.

Pouco depois, ambos os carros foram encontrados em um posto de combustível da cidade. Em um dos veículos, modelo HB20, estavam Mateus Gonçalves e Luiz Henrique Pereira, que se apresentou como assessor do jogador. No outro, um casal – Joice Costa e Moisés Moraes Martins – transportava 187,2 kg de maconha. Segundo a polícia, Mateus e Luiz atuavam como “batedores”, responsáveis por monitorar o caminho e alertar sobre a presença de barreiras policiais.

Além da droga, a polícia apreendeu rádios comunicadores, dinheiro em espécie (R$ 1,8 mil), quatro celulares e os dois veículos. O grupo foi levado para a delegacia, e, após audiência de custódia, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

Confissões e investigações

Durante o depoimento, Joice e Moisés confessaram que estavam transportando a droga para quitar uma dívida com traficantes. Afirmaram também que não conheciam Mateus nem Luiz pessoalmente, mas sabiam que os dois faziam parte da operação como batedores. Já Luiz Henrique, que se identificou como assessor de Mateus, revelou no momento da prisão que receberia R$ 2 mil pelo “trabalho”.

Na delegacia, tanto Mateus quanto Luiz preferiram ficar em silêncio. A investigação agora busca esclarecer o grau de envolvimento do ex-jogador na operação, bem como se ele já havia participado de outras ações do tipo.

Histórico recente e problemas de comportamento

A prisão de Mateus Gonçalves escancara um histórico de episódios conturbados em sua carreira recente. Em 2025, ele atuava pelo Athletic-MG e disputou dez partidas no início da temporada, sendo nove pelo Campeonato Mineiro e uma pela Copa do Brasil. Marcou um gol e deu uma assistência. Sua última aparição em campo foi no dia 12 de março, contra o Grêmio, na eliminação do Athletic na Copa do Brasil.

Antes disso, passou pelo Vitória, onde viveu altos e baixos. Em 2023, foi peça importante na conquista da Série B, mas perdeu espaço em 2024. Em um dos episódios mais marcantes, foi expulso com apenas dois minutos em campo no clássico Ba-Vi, válido pela Copa do Nordeste. Curiosamente, na partida seguinte contra o mesmo rival, saiu do banco e marcou dois gols. Ainda assim, não conseguiu conquistar a titularidade.

A chegada do técnico Thiago Carpini ao Vitória em maio de 2024 selou seu destino. O treinador optou por dispensá-lo, alegando que era necessário preservar o “bom ambiente” e priorizar o “comprometimento” dentro do elenco. Carpini foi enfático ao dizer que, embora Mateus tivesse qualidades, ele não fazia mais parte dos planos do clube.

Passagem relâmpago pelo Goiás

Após deixar o Vitória, Mateus assinou com o Goiás em julho de 2024. A esperança era de um recomeço, mas a passagem foi curta: apenas dez jogos. Em setembro, o jogador foi afastado por cometer uma “infração inadmissível”, segundo o diretor de futebol do clube, Lucas Andrino.

O dirigente evitou entrar em detalhes, mas informações nos bastidores indicam que Mateus teria sido visto em uma festa enquanto alegava estar doente, tendo sido vetado de um jogo contra o Botafogo-SP por conta de uma virose. O episódio minou a confiança do clube, que rescindiu o contrato unilateralmente em outubro daquele ano.

Uma carreira promissora que se perdeu

Mateus Gonçalves surgiu como um jogador veloz e técnico, com passagens por grandes clubes como Sport, Fluminense, Ceará e América-MG. Embora não tenha conseguido se firmar como titular absoluto por longos períodos, sempre aparecia como uma boa opção de banco, principalmente em jogos que exigiam velocidade pelas pontas.

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O que parecia ser uma carreira em construção, no entanto, foi sendo minada por decisões fora de campo. A reincidência de problemas disciplinares nos últimos anos, somada à recente prisão, praticamente sepulta qualquer possibilidade de retorno ao futebol profissional.

Reflexão sobre o papel dos clubes e do atleta

O caso de Mateus Gonçalves levanta um debate importante sobre o suporte oferecido por clubes a jogadores em momentos de dificuldade, mas também sobre a responsabilidade individual dos atletas em gerenciar sua carreira e vida pessoal. A trajetória do atacante revela um padrão de comportamento que não foi corrigido a tempo.

O futebol, apesar de suas exigências, oferece oportunidades únicas. Contudo, quando as escolhas pessoais caminham na contramão dos valores exigidos pela vida profissional, o fim do caminho pode ser tão trágico quanto previsível.

Mateus agora enfrenta a justiça longe dos gramados. Aos 29 anos, o atacante vê sua carreira, antes cheia de expectativas, ser interrompida de forma dramática — não por uma lesão, mas por uma escolha que pode custar não apenas sua liberdade, mas a reputação construída ao longo de uma década nos campos do Brasil.